Educação financeira nas escolas: Por que não é ensinado

Educação financeira nas escolas: Por que não é ensinado

A educação financeira foi obrigatória para o ensino fundamental em dezembro de 2017. Em um futuro próximo, os alunos do ensino médio devem cursar essa disciplina como parte da Base Nacional Comum Curricular. Esta iniciativa está sendo implementada como uma abordagem interdisciplinar com várias perspectivas.

Saiba que a vida financeira saudável é entender sobre o dinheiro desde cedo. Isso porque o controle dos gastos é essencial para esse objetivo.

Portanto, fazer um curso de gestão sobre o assunto é altamente benéfico para a carreira do aluno. 

Nas escolas, a maioria dos professores ainda não foi treinada sobre esse assunto. Consequentemente, os alunos perdem o aprendizado de uma habilidade financeira fundamental.

Educação financeira de acordo com a região

Menos de 8% das escolas das regiões Nordeste e Centro-Oeste trabalham com conteúdo, apesar de a AEF afirmar que apenas 7% das escolas trabalham dessa forma. 

Segundo a superintendente da associação, Cláudia Forte, a gravidade está dentro da situação. Ela enfatiza que a educação é fundamental para áreas sem acesso. Porém, é visto que crescentes oportunidades educacionais se concretizam nesses locais.

A Região Norte liderou a pesquisa realizada em abril do ano passado. As ações de suas escolas representaram 33% do total nacional. 

O Tocantins, estado considerado exemplar no ensino de educação financeira, liderou o índice. O mapeamento das regiões Sul e Sudeste da AEF é voluntário, não obrigatório e contabiliza iniciativas educacionais que não fazem parte do sistema escolar do governo. Consequentemente, não há uma conta do MEC de quantos dados as associações coletaram. As regiões Sul e Sudeste possuem 32% e 20% da área, respectivamente.

O teste para alfabetização financeira dos alunos, administrado pela OCDE, mostra como o Brasil teve o pior desempenho entre os 15 países pesquisados.

Em maio de 2017, seus resultados foram divulgados. Cerca de 53% dos alunos brasileiros ficaram abaixo do padrão mínimo em alfabetização financeira. Isso foi significativamente menor do que Peru e Chile – dois países que os superaram em conhecimento financeiro. Dos 3% melhores pontuadores, apenas 3% dos brasileiros obtiveram a pontuação mais alta. A China teve a classificação geral mais alta.

Muitas mudanças foram feitas para melhorar essa situação, mas o processo está demorando muito e mal cobre a maioria dos estados. Desde 2010, o país trabalha na criação da Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF). 

Isso envolveu escolas com material didático e cursos. Atualmente, em desenvolvimento estão centros de educação financeira para professores de escolas públicas da Paraíba, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Esses centros educacionais treinam educadores em aulas, oficinas e muito mais – três foram treinados em cada escola.

Especialistas em educação financeira citam a falta de cultura no ambiente escolar como um dos maiores desafios de sua disciplina. As escolas lutam para ensinar adequadamente o assunto aos alunos devido à baixa remuneração e maus hábitos de gastos pessoais entre os professores. 

Como uma complicação adicional, os cidadãos não são valorizados pelas autoridades educacionais. Precisamos envolver o educador como cidadão em primeiro lugar em nossos esforços para fazê-lo desejar ensinar este assunto.

Por que ensinar educação financeira nas escolas?

Alguns estados e municípios implementaram programas educacionais nas escolas apesar de não terem programas de formação inicial. Essas exceções incluem o Tocantins, que oferece atividades educativas em 425 escolas em 149 municípios. Uma rede estudantil de mais de 150.000 alunos com 4.000 professores qualificados para lidar com o assunto. Eles são ensinados em salas de aula e por meio de concursos, cursos online e ações sociais.

Diversos profissionais argumentam que a iniciativa educacional deve se firmar nos projetos escolares existentes. Ela acredita que esse método contorna a resistência dos professores que acham que adicionar o tópico ao currículo é uma tarefa adicional desnecessária. Em vez disso, o programa treina os alunos em consciência financeira e participação desde o início de sua carreira acadêmica.

A Secretaria Municipal de Educação de Bagé quer implementar temas no currículo de 64 escolas de educação infantil e fundamental. Isso afetará aproximadamente 3.000 alunos quando o projeto for concluído em 2019.

Como parte de seu processo de decisão, as famílias dessas escolas queriam mais educação sobre como tomar decisões conscientes. Por isso, a secretária de Educação de Bagé, decidiu apoiar essa iniciativa com foco nas famílias.

Muitas escolas fazem parceria com instituições que educam jovens e crianças sobre finanças pessoais para complementar sua falta de programas específicos para a escola, é o caso de São Paulo.

O estado participou de um projeto piloto chamado Enef em 2010, mas descontinuou a iniciativa logo depois. A assessoria de imprensa afirmou que o conteúdo faz parte do currículo e que as escolas são incentivadas a participar de iniciativas educacionais. Ainda não foram desenvolvidos cursos específicos para a formação de professores nesta área.

Embora o texto atual da BNCC seja co-escrito pelo professor Ruy César Pietropaolo, seu assunto não se limita à matemática. “A Base não determina como a educação financeira é ensinada em um contexto específico”, explica o coautor de Pietropaolo. Em vez disso, ele observa que é uma constante em vários assuntos. Não há necessidade de criar uma disciplina que seja totalmente específica para o devido assunto. A Base exige que as escolas trabalhem o tema em diversas atividades.