Restauração de arte: as semelhanças e diferenças para uma reforma convencional

Restauração de arte: as semelhanças e diferenças para uma reforma convencional

restauração

Saiba como funciona a restauração e conservação de uma obra de arte:

A restauração de uma obra de arte não faz acréscimos no trabalho artístico. O objetivo não é fazer com que a obra fique nova, mas sim mostrar como a peça foi criada pelo artista, na época em que foi feita.

Trata-se de um trabalho feito de forma anônima e silenciosa, com utilização de vários tipos de materiais, inclusive materiais de construção, para se chegar o mais próximo do original.

 

O restaurador não vai pintar por cima, ele vai reintegrar as cores da pintura existentes na obra. Para isso, ele utiliza da ciência para realizar esse trabalho, por meio de uma formação com anos de estudo, que envolve conhecimentos sobre arte, história, química e muito mais. 

 

No início, se fazia uma repintura como restauração, mas a prática entrou em desuso. Quando há lacunas em alguma pintura, faz-se o preenchimento apenas daquela parte e depois a reintegração da cor somente daquele lugar.

 

Há o cuidado para que as cores usadas sejam iguais às cores da pintura original. A pintura de restauração nunca deve ser feita por cima, o ideal é usar materiais reversíveis. A intervenção do trabalho feito na restauração não pode ser invasiva ou definitiva.

 

Um valioso acervo de obras de arte está em constante risco e, por isso, deve haver um trabalho contínuo de conservação e preservação.

 

Em coleções de museus, quando há obras não catalogadas, é necessário uma atuação conjunta de um historiador, que vai observar cores, materiais e formatos e fazer a identificação e ligação da obra com o tempo, e um restaurador, que, ao fazer as intervenções necessárias, vai perceber as diferenças existentes sobre forma e materiais. 

 

O processo de restauração

A restauração de uma obra demanda tempo e paciência, é um trabalho de longo prazo e necessita de muita atenção.

 

O processo consiste em, inicialmente, fazer uma análise dos danos que a obra carrega. A partir daí, faz-se um planejamento e estimativa dos tratamentos que serão necessários realizar, os materiais que podem ser usados e as horas de trabalho para concluí-lo.

 

Dependendo do tamanho da obra e dos reparos a serem feitos, pode-se levar meses para fazer limpeza, preenchimento e reintegração para deixar a obra o mais parecida possível do original.

 

Idealmente, a conservação e reparo devem ser feitos de maneira preventiva, antes que algum dano maior possa ser causado.

 

O procedimento é demorado e exaustivo, são usadas diferentes técnicas em uma mesma peça. Quando existe aplicação de verniz para proteção, ele acaba ficando escurecido devido ao tempo e à degradação.

 

Em algumas peças, o restaurador identifica repintes, o que altera o aspecto da obra e omite o valor artístico real.

Tecnologia e sustentabilidade na restauração

Originalmente, muitos tipos de químicos e solventes eram usados nos processos de restauração. Tais materiais se mostram potencialmente perigosos para mulheres, uma vez que os efeitos do uso podem causar problemas para engravidar ou má formação do feto, em mulheres grávidas. Hoje já é possível encontrar materiais melhores, que sejam menos tóxicos e mais sustentáveis.

 

No processo de restauração, o uso de equipamentos de proteção é indispensável, como máscaras e luvas. Além disso, as novas tecnologias de fabricação dos produtos substituem os solventes por gel e nanogel, que são à base de água e, por isso, menos agressivos.

 

Do mesmo modo, para as obras, quanto menos produto for usado, melhor. O tratamento de limpeza é um dos mais invasivos, uma vez que, ao mesmo tempo que se tira a sujeira, acrescenta sedimentos que não fazem parte da obra.

 

Quando é uma obra feita em material orgânico, o componente do produto pode adentrá-la. Em caso de pintura ou papel, o componente também pode adentrar nas fibras.

O processo de conservação

A conservação preventiva de uma obra de arte é a melhor coisa a ser feita e a menos invasiva.

 

Em museus onde há profissional específico para esse fim, é possível analisar com antecedência as condições do ambiente em que a obra está inserida e fazer avaliações para identificar oxidação ou outra degradação.

 

Nas obras antigas eram usadas proteínas animais como cola, o que é atrativo para insetos. Em rondas periódicas e preventivas, observa-se qual manutenção é necessária fazer.

 

Há ainda o cuidado entre o contato humano e as obras de arte. Os dedos têm gorduras e podem danificar as peças quando muito tocadas, o que oxida o verniz e altera os materiais originais.

 

Um flash ou outra luz forte também contribuem para a degradação. O processo de fotodegradação consiste em um dano cumulativo semelhante à exposição solar por muitas horas. 

 

É por esse motivo que algumas obras de arte só ficam expostas em museus durante poucos meses do ano, para evitar que a luminosidade do ambiente cause danos.